segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O outro lado da sala

Estava ali, sentado do outro lado da sala e ficava me olhando de canto de olho. Quando não via, eu o encarava e ficava pensando em mil e um assuntos que pudéssemos ter em comum. Então eu passava do lado dele, e ele continuava me olhando. Talvez pedindo um sorriso, um "Oi. Tudo bem?", ou qualquer coisa normal que qualquer outra pessoa normal faria. Mas, eu em toda a minha sensualidade, abaixava a cabeça e fingia que não via. Bela atuação, senhora do charme e da conquista. Você, essa boca enorme e sua falta de vergonha com tudo que não deveria, se torna em um minuto uma menina de 12 anos assustada em não saber o que fazer quando alguém está jogando charme pra cima de você.

Talvez eu devesse passar lá do lado agora e jogar um sorriso. É, e depois disso ele vai ter a certeza que eu sou ou louca, ou totalmente bipolar. E você, menino do outro lado da sala de topete loiro, talvez pudesse dar uma maozinha nesse desastre de sedução que sou eu. Talvez você pudesse puxar o assunto qualquer dia desses nos intervalos, na fila do café. Talvez você dê sorte e o tempo esteja ruim, assim poderemos nos lamentar de como a chuva é chata, de como são pedro é injusto. Talvez depois disso eu fale do dia em que te encontrei na boate e quem sabe você me diga que vai lá semana que vem. Mas enquanto isso, eu vou te olhando mais um pouquinho, enquanto você me acha mais estranha a cada dia. Não é que eu seja estranha. É só que eu não sei o que fazer quando o novo me chama a atenção.

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