domingo, 16 de dezembro de 2012

Insanidade

"Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes."
Albert Einstein

Venha e sente aqui do meu lado. Pare de me olhar nos olhos de uma maneira tão profunda, você sabe que não conseguirá enxergar neles o que procura. Pare também de sorrir dessa maneira tão gentil. Essa sua suavidade me traz vontades que não posso compartilhar agora.

Vamos conversar, tome mais uma taça de vinho. Sabe, seu jeito me faz lembrar pessoas importantes do meu passado. Para aqueles que bem me conhecem saberiam dizer o caminho que estou fazendo agora. Do mesmo jeito que também seriam capazes de narrar o final sem grande esforço. Não se sinta tão mal por isso, nós dois sabemos que comparações são inevitáveis. Mas nesse caso, o que me incomoda não são as diferenças e sim as semelhanças.

A gente sempre tem uma esperança não é mesmo? Talvez seja cultural, talvez nós brasileiros sempre esperamos que a história acabe bem sem que necessariamente tenhamos que tomar nenhuma atitude diferente do que já fazemos hoje. E nesse balanço abrasileirado continuo seguindo o que me foi ensinado desde sempre: a esperar. A esperar por pessoas diferentes, com atitudes diferentes e que irão colocar sentido em tudo que você faz. A esperar que o mundo melhore, que as pessoas sejam mais simpáticas umas com as outras e que a gente possa enfim dançar livremente pela rua sem precisar ser julgado ou rotulado.

Entende o que estou dizendo? A verdadeira esperança de mudança começa de dentro e não de fora da gente. O que ainda sim, não me faz parar de odiar esse seu péssimo vício de fumar e querer te modificar inteira por isso.

Foi preciso mudar de país, voltar pra origem novamente, mudar de emprego, mudar de amigos, mudar de cidade e de casa pra entender tudo isso. Aos poucos a gente entende que não adianta mudar o entorno se a essência continua a mesma. Não adianta tentar mudar os gostos se a paixão te chama pra um único lugar. Não adianta colocar um sorriso no rosto se por dentro é só tristeza.

Tenho percebido isso tudo aos poucos e inconscientemente. É como se uma criança pequena após levar um choque com o dedo na tomada, finalmente, entendesse que, talvez, precisasse mudar de brincadeira. O problema é que eu precisei levar inúmeros choques até perceber que independente de quantas vezes eu tentasse, o resultado seria sempre o mesmo.

Você, de todos os choques que levei, foi o que mais me surpreendeu e o que menos quis. Tomei o choque, contudo, quase por transitividade, por passividade, ainda que já ciente de tudo que disse.

Depois do susto, como num passo só me levantei e hoje entendo que você faz parte do padrão que sempre segui. Do vai e volta rodopiante de histórias complicadas que sempre me levou a sustos e arranhões. Que ainda que eu saiba de tudo isso que estou te falando, continuo esperando que aquela tomada um dia se torne complacente com a minha tristeza e não mais me machuque.

Encha mais uma taça de vinho para mim. Vamos celebrar a minha insanidade.