segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Espelho

- Estou sentindo falta de alguém. Não consigo não viver pra ninguém.
- Eu não preciso de outra pessoa pra viver pra alguém.
- Vive pra quem então?
- E é preciso viver pra mais alguém além de si mesmo?
- O que você vê no espelho?
- Vejo o reflexo dos outros em mim.
- Não sente falta de alguém além dos reflexos?
- A falta que faz não é de alguém em específico.
- Então se completa.
- Se completa com o que se quer completar e não com o que se enxerga.
- A completude é do reflexo e não da pessoa.
- Mas não se pode abraçar um reflexo.
- Muito menos a si mesmo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

As pequenas coisas

Vem, sente-se aqui! Quer um pouco de leite quente? Sei eu sei de todos esses problemas, mas você prefere com muito ou pouco chocolate? Não, eu não quero saber por que as coisas são tão complicadas, aliás eu acho tudo tão fácil. Claro que eu me preocupo com a gente, mas somente o necessário. Biscoitos? Necessário e suficiente se é isso que quer saber. Não, isso não quer dizer que estamos em um segundo plano, mas somente que eu cansei de cansar a cabeça com preocupações demais. Sabe, essas rosquinhas me lembram a minha avó, derretem na boca sem precisar mastigar! Amor? É, eu poderia dizer que entendo o que você está dizendo mas eu chamaria de intensidade. Em relação à que? Bom, em relação a gente horas. Você viu o noticiário? Aquela cantora famosa aprontou de novo, como é o nome dela mesmo? Não, intensidade não quer dizer que sinto de um modo diferente, digo que apenas tenho o que necessito. Isso, Britney Spears. Mas a minha necessidade é sim diferente da sua, aliás cada um tem a sua necessidade. Estou pensando em reorganizar os móveis da sala... o que você acha? Não precisa gritar, eu sei o que você está tentando me dizer, mas o que você ainda não entendeu é que pra mim saber que você está comigo é tudo que eu preciso, basta que você me fale meia dúzia de palavras inventadas e o meu dia enfeitou-se de cor-de-rosa. A necessidade da qual falo é de ver o seu sorriso bobo quando brinca com o cachorro na varanda ou quando me abraça forte até me sentir suspirar. Não, não... vamos esquecer as desculpas de outrora ou reviver os momentos ruins. Eu só quero que você me abrace, abrace e abrace até eu sumir nos seus braços me fazendo lembrar novamente daqueles biscoitinhos que derretem, desmancham e somem.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Choque de ilusão

Hoje a minha fada madrinha veio me visitar, você nem imagina do que eu fiquei sabendo.
Ela me disse que daqui há um ano eu vou realizar um grande feito e vou ser reconhecida, também me disse que aquela casa na praia na qual eu fiquei babando duas horas não é nada perto da minha mansão nas ilhas Bahamas.
Me disse que o Cauã Reymond existe de verdade e que ele é apaixonado por mim, só não sabe ainda porque não teve a chance de me conhecer.
Disse que meu motorista vai ser o Jhonny Depp e que eu não precisaria ficar preocupada quando o meu marido fosse viajar dando palestras sobre como se tornar um empresário bem sucedido dono de uma multinacional.
Mas o que eu mais gostei mesmo foi da parte em que ela me disse que todos os meus ex namorados vão olhar pra trás e ao me ver vão se arrepender profundamente por tudo que fizeram e vão montar um fã clube dedicado à mim.
Mas eu ainda não cheguei na melhor parte, ela também falou que aquele filho-da-mãe que fez questão de fazer tudo exatamente daquele jeito que somente aqueles que me conhecem bem saberiam como fazer e que depois me deixou assim, suspirando ainda no dia seguinte sem notícias e sem um telefonema ia me pagar.
E ahhhh se vai!
Divertido não?

domingo, 5 de outubro de 2008

A cara de boba e o algodão doce

Então ali estava eu sentada no meu banquinho da praça, comendo algodão doce e vendo criancinhas felizes passeando com os pais. Algumas eram realmente quase anginhos, criancinhas loirinhas e de olhos claros que passam por você sorrindo com aquela carinha de inocente, outros são praticamente um furacão em miniatura. Tenho que lhe confessar que nunca gostei muito de crianças sabe. Mas ainda sim, era um dia bonito e calmo. Bom, calmo até o momento em que ele passou por mim.
De jeans claros e surrados, camiseta vermelha e óculos escuros. Não ele não é do tipo que chama atenção pelo visual, muito menos é um moreno capa de revista. Ele é daquele tipo que tem um charme interno, daqueles que te fazem se interessar somente pela curiosidade de descobrir o que tem demais naquele andar, naquele sorriso charmoso. Ah... e que charme! E que perfume...
E que sorriso...
E então eu poderia ter contado um ou dois dias desde o momento em que o avistei ali perto do escorregador onde uma criança brigava com outra e uma mãe tentava desesperadamente separar, até o momento em que ele passou pelo meu banco e pelo meu algodão doce.
E então minha bolsa caiu, acreditem ou não, por obra do acaso, e ele como gentleman que sempre fora pegou-a pra mim, me entregou em mãos e se sentou, disse seu nome, seu endereço, estado civil(não que isso me interessasse), suas preferências e também aquilo que odiava. E adivinhem? Incrível como ele combinava em cada detalhe comigo, incrível como ele conseguia sempre completar a minha frase ou encontrar aquela palavra que esqueci no meio da fala. Incrível como ele sabia sempre o que falar, ou as horas que deveria ficar calado, ou as horas que deveria me beijar.
E então eu poderia não só ter contado um ou dois dias, mas sim anos, décadas, do momento em que ele me abraçou e que todos os gritos das crianças e de seus pais, das buzinas nas ruas e do carro de propaganda política pararam de fazer sentido e se transfomaram em uma melodia perfeita, uma nova canção tema pra nós. Quase uma marcha nupcial.
Mas agora meus pés estavam grudando e isso não fazia parte da música, do beijo, do clima perfeito.
Dali em diante, eu poderia contar apenas alguns segundos do momento em que ele passou e sorriu pra mim, aquele sorriso lindo e lerdo, com certeza por me ver ali, sentada num banco de praça com um short horroroso em uma camiseta velha, olhando pra ele com uma cara de boba, sem perceber que o algodão doce tinha caído e estava ali aos meus pés, justamente onde estivera a minha bolsa. Mas diferentemente dos meus delírios ele não parou para pegar o meu algodão doce rosa melecado, ele simplesmente passou e sorriu. Me deixando ali, com a marcha nupcial, as crianças e a cara de boba.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pra sempre agora

Hoje é um daqueles dias em que a gente levanta com um sorriso na cara e um aperto no peito.
Um aperto bom e suspirante que não espera por qualquer tipo de explicação nem motivo.
Bom, o motivo sei-o bem, mas não é necessário que lhe seja comentado, nem dito.
O que não precisa ser dito fica entre nós e somente entre nós.
Hoje é um daqueles dias em que não conseguimos esperar por nada. O agora é algo tão necessário, quase como um vício. Eu preciso sentir o momento e isso que pulsa aqui dentro de um jeito totalmente insuspeitado.
Eu preciso de você. Agora.