quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Don´t try me.

Ela se arrumou, colocou aquele decote sedutor, um batom vermelho na boca, aquele salto, um perfume novo que ela só usa pra ocasiões especiais. Chegou na festa e as atenções eram só pra ela e ela sabia que hoje ela era desejada mais que em todas as outras noites. Aquele vestido não tinha sido colocado em vão. Mas todos aqueles olhares não faziam muita diferença. Era desejo, carne e sedução que ela insistia em não sucumbir. Ela tinha virado mais um produto colocado na prateleira principal de um mercado onde cada um compra aquele que mais lhe chamar a atenção. O problema é que ela não queria ser comprada, estava cansada de sempre ter que enfeitar a embalagem e esperar que alguém se interessasse pelo conteúdo. Ela olhou ao redor e a festa era o mesmo mercado de sempre, cada um fazendo a sua propaganda e, olha, era cada promoção de assustar: 50%, 60%, 70% off, Pague 1 leve 2, Aceitamos devolução se não contente com o resultado e até mesmo consignação. Mas ela não estava em promoção, nem sequer queria estar ali naquela prateleira empoeirada vendo sempre as mesmas pessoas, as mesmas coisas. Foi no banheiro, tirou o batom vermelho e a sombra do olho e foi embora, deixando pra trás aquela maré de gente dando lances uns nos outros e se perguntando quando foi que tudo isso parou de fazer sentido.