quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quem sabe um dia.

E então você abre a boca e pronto! Você falou a maior burrice da sua vida!
Você é capaz de dizer que mataria a sua mãe, que odeia quem você ama, que queria morrer, que não viveria sem aquela pessoa, que você não quer vê-la nunca mais na sua vida ou que a sua vida acabou. Que merda é essa? Por que é que eu tô falando essa bosta?
Mas aí então já foi. E se você mandou ele ir embora e ele simplesmente virou as costas, você sai correndo e diz que era mentira. Que não queria que ele fosse, que não sabe o que tinha na cabeça quando falou que não amava mais.
Mas o fato é que você já disse tudo aquilo que ele não suportaria escutar. Você já fez a maior cagada da sua vida e isso era tudo que você não precisava agora. Logo agora que você tava lutando tanto pra trazê-lo mais perto. Pra sentir que faz mais parte da vida dele. E você pede perdão, diz que foi da boca pra fora, que tava com raiva, bêbada, possuída. Mas e daí? Você disse, porra! Você abriu essa imensa torneira de asneira e falou demais, falou o que não sabia, o que não queria, o que não pensava e o que não sentia.
Talvez seja esse seu jeito de ser sabia? Antagônico, faz o que disse que não faria, não pensa nas coisas que faz. Não pensa nas coisas que faz. Não pensa. Não pensa.
Mas agora você está pensando. E tudo o que você mais queria era que ele realmente acreditasse que você estava sendo sincera agora. Que as suas palavras são inteiras coração.
Mas ele já virou as costas e você é orgulhosa demais pra se ajoelhar aos pés dele. Pede pra ele voltar, pede desculpas, perdão. Mas ele também mantém certa dose de orgulho, ainda que não tão grande quanto o seu. E então você engole aquilo à seco, vendo ele ir embora, parada ali sentindo cada passo dele construindo um enorme abismo irremediável e escutando ele dizer: "Vamos deixar as coisas como estão. Já falamos coisas demais. Quem sabe um dia..."