terça-feira, 9 de julho de 2013



Tenho tentado manter a calma e o coração quente. Pensar no hoje, nas mãos entrelaçadas, no sorriso deixado sem querer. Quero acreditar, mas sem imaginar demais e isso é quase impossível, eu sei. Então mantenho mais os pés no chão. Vejo o presente e peço ardentemente por um futuro melhor. Peço e tento fazer acontecer. Luto contra a corrente e contra o meu eu frenético que insiste em não querer mudar, aliás, crescer.

Respiro fundo, sorrio. Um sorriso sincero, dessa vez não histérico. Talvez amadurecer seja isso, penso comigo mesma. Aprender a ser serena.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Valsinha

"Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz"
 
 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mantra

Apaga o abajour e deita aqui comigo que o silêncio da noite vem pra acalmar as palavras não ditas que a gente teima em manter em segredo. Me abraça mais forte e me deixa sentir esse perfume que na sua pele tem um cheiro que é tão seu quanto o toque aveludado da sua mão na minha nuca. Entrelaça os seus dedos nos meus como se eu fosse uma criança medrosa ao enfrentar os perigos da vida. Me pega no colo enquanto eu conto quantos cachinhos rebeldes saem do seu emaranhado estranho e tão fascinantemente lindo. Olha no fundo dos meus olhos com essa cor de mel delirante e me faz entender o mistério do universo sem mencionar uma palavra. Solte sem querer aquele sorriso largo e faça meu coração parar de bater por um segundo pra recomeçar de repente como uma explosão que não cabe no peito. 

Penso tudo isso enquanto olho pra você com um olhar doce e seguro. De alguma maneira que não sei como consigo transparecer tudo aquilo que não sou. Mas essas mentiras que a gente fala pra si mesmo e para os outros é como um mantra, um dia elas te convencem. Convenceram à você, aos meus pais e meus amigos. Convenceram ao porteiro e à faxineira do prédio. Convenceram ao meu chefe e aos meus colegas de trabalho. Mas aqui dentro, quem conhece aqui dentro sabe... Tem coração demais despedaçado, tem desilusão escondida, tem medo camuflado e insegurança espalhada. Tem fragilidade e doçura encapada numa farda de guerra.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Uma garrafa de vinho importada em cima da mesa, taças postas, o jantar exala o cheiro de quase pronto e no som toca um samba antigo daqueles que deixam saudade, melancolia. Um sentimento bom de vivência do agora, do profundo, do verdadeiro. O saber da vida e de aproveitá-la. Uma boa conversa. O lado vazio da mesa. A taça intocada ao lado. A garrafa vazia na mão. E o samba ainda tocando no som.


"Eu tenho saudade
Dos sambas de antigamente
Quando o samba deixava
Uma vaga tristeza
No peito da gente
Não era amargura
E nem desventura
E nem sofrimento
Era uma nostalgia
Era melancolia
Era um bom sentimento."
Paulo César Pinheiro