segunda-feira, 22 de outubro de 2007

"A minha brincadeira de dizer verdades"

Era tarde, após um dia inteiro de estudo e correria, o pôr do sol anunciava enfim o descanso merecido, ela, como sempre, estava com ele, mas hoje não iam sós um amigo de faculdade os acompanharia até metade do caminho de volta pra casa. Durante a volta ela aconselhava o amigo em algumas questões amorosas... Afinal, ela queria ver mais um casal de amigos dela juntos. Depois da despedida, o amigo de ambos foi embora e sobrara só ela e ele. Ela se gabava de mais um casal que juntara, mais um pra aumentar a fama de cupido! Ele escutou todo mar de elogios próprios que ela fizera calado, depois deu um sorriso infantil, como quem guarda um segredo infame, e disse rapido e secamente:
- Arruma a bagunça dos amigos porque não sabe arrumar a sua própria bagunça!
Heloisa olhou com cara de quem finge que não entendeu, mas no fundo ele a tinha pegado no que ela mais gostava de fazer: metáforas. Ela tentou ficar quieta e deixar tudo como um comentário irrelevante e fútil, mas não conseguiu. Perder era uma coisa que não aceitava então retrucou:
- Não é verdade e não sei porque está me dizendo isso! Estou muito bem comigo mesma... Tenho tudo que alguém sonha ter... O que mais me falta?
- Não falta nada por que você se convenceu de que está completa. De que tem tudo que precisa e, por esse motivo, foge daquilo que pode fazer essa mentira desmoronar...
Heloisa sentiu aquelas palavras lhe cortarem a face como facas, ele sempre lhe dizia as coisas mais sinceras, mas que ela se recusava a aceitar como verdades. Mas naquela tarde era tudo diferente. Ele tinha desmascarado toda uma armadilha que ela mesma tinha se armado e tudo estava confuso. Ela via as pessoas passando na rua, o sol se pondo e o céu em tons avermelhados .Pensava se aquilo era mesmo possível. Durante muito tempo fora muito mais cômodo mentir pra si mesma e dizer que tudo estava como ela sempre imaginou, mas ela sabia, no fundo sabia, que nada estava bem. Ela sabia que a cada dia que passava, a cada pessoa nova que ela conhecesse, novos defeitos surgiriam, novos problemas a impidiriam e ela fugiria, do outro e de si mesma. Era tudo como em um filme de comédia romântica com o pequeno detalhe de que nada ali era ilusório ou fictício.
Ela não sabia como tinha conseguido se enganar por tanto tempo, mas sabia a causa disso tudo. O que fazia tudo ser bem mais doloroso...
Enquanto era só mais uma mentira escondida no seu íntimo era suportável, mas ela tinha se deixado vulnerável a ponto de que ele pudesse enxergar nela a sua fragilidade, aquela fragilidade que ela fazia questão de esconder atrás do rosto que transparecia segurança e descontração.
Todos aqueles pensamentos confusos vinham como um turbilhão na sua cabeça, ela já não mais via as pessoas ao seu redor, nem mesmo em que tom o céu estava depois da última vez que o havia olhado, o ônibus andava cada vez mais rápido, como em compasso com o ritmo da sua confusão. Desesperada e atordoada soltou a única frase que lhe pareceu servir como defesa:
- Cale a boca! Eu não quero escutar mais nada disso!
Ela precisava se defender, se sentia de novo desarmada, frágil, indefesa e essa sensação a aterrorizava!
Eles passaram a noite ali calados, em um cúmplice silêncio que denunciava que algo de estranho havia acontecido, algo que ela queria esquecer mas não conseguia. Ela sabia que não tinha como fugir dele e que mesmo calado, ele a incomodava. Incomodava de um jeito nada sutil, pois ela sabia que de um jeito ou de outro, seu subinconsciente estava sempre certo. E ela perdera. Heloisa odiava perder.

domingo, 21 de outubro de 2007

Chega de babaquices e conversinhas à toa!
Às vezes acho que me preocupo ou estresso demais, às vezes sinto que não ligo a mínina pra nada... O fato é que esse momento que vivo não é um momento de reflexão, muito menos um momento filosófico. Não me preocupo com o julgamento alheio, justamente porque não sou o que dizem, não sou o que acham, não sou um poema ou um texto de interpretação subjetiva. Sou aquilo que me faço ser, sou aquilo que gosto de ser e mil palavras desgostosas não me farão mais triste!

O "Não querer nada com nada" não é mais de que um julgamento, não passa de ressentimento! E o que você diria se eu falasse que eu quero e o que eu quero não é pouco, o que eu quero não é falso, o que eu quero não é mercadoria! Eu quero um bem estar, eu quero divertimento, eu quero histórias... O problema é que ninguém gosta de se analisar, claro, quem é que gosta de se julgar se é tão mais fácil ver o problemas dos outros? Os problemas alheios, que às vezes neim são problemas, são tão fáceis de se resolver não é?
"A culpa é dos políticos corruptos!"
"É por causa de gente assim que o Brasil não vai pra frente."
"Ele é assim porque não tem exemplo em casa..."
"Se eu fosse ela não faria isso..."

Talvez por esse mesmo motivo, o país está onde está. Talvez ninguém queira assumir o papel de responsável, de coadjuvante. Como no caso do Caos Aéreo em que cada lado aponta pro outro e nesse eterno "A culpa é dele" nada é resolvido! O que precisamos é de mais atitude, mais gente que assuma o comprometimento de fazer algo, de ajudar a construir novas coisas, a melhorar o que por direito e dever também é nosso! E ao contrário do que você pode estar pensando, eu também não estou apontando o dedo e esperando alguém fazer algo...
Mas sinceramente, nada disso importa porque a interpretação de tudo que está escrito aqui vai muito além da interpretação de um texto é a interpretação de um modo de pensar, de um modo de viver, de um modo que não deve ser seguido porque não existe modelos pronto e , justamente por esse motivo, não merece ser julgado!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

"Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor

Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!

Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!
Rita Lee

As mudanças repentinas de estado emocional podem significar algum desequilíbrio?
oO

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

"Parece cocaína mas é só tristeza, Talvez venha a ser tarde.
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão
E o descompasso e o desperdício herdeiros são
Agora da virtude que perdemos.

Há tempos tive um sonho, não me lembro
não me lembro...

Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso.

Os sonhos vêm e os sonhos vão
O resto é imperfeito.

Disseste que se tua voz tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira..."
Renato Russo

Não, hj o dia não está bonito! Aliás... parece que sente, adivinha, de algum modo sabe!
11 anos!
Paremos de bobagem e de messianismo...
tudo é muito mais complexo que isso!
A capacidade de, como ele mesmo disse, cantar as coisas exatas que as pessoas querem ouvir ultrapassa o incrível e a idolatria...
Não duvido que hoje ele saberia o que digo e o que sinto...
Não em relação a hoje, nem a ontem ou a algum dia que ainda não vivi, mas em relação ao que parece imutável, eterno e doloroso!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Champagne E Gentileza

Por cantos sem cantar nós somos
Velhos escroques sem futuro
Esperando que a mão da morte
Escreva por ela mesma
Pulando sobre a lua
As vacas e Jesus
Enormes paisagens de plantações sem futuro

Eu não sei quem sou
Nem porque "faço"
E às vezes me sinto vivo
Quando quebro um desses objetos chatos
Que a gente esbarra sem querer
Daí escreve como quem levasse uma topada

Deus me deu um coração que ama
Alguma tristeza
Destreza e champagne
Quanta gentileza!
Cazuza

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Como a falta de explicações me contraria!
Tudo aquilo que você sabe que está ali, que te entala a garganta, mas que não tem conserto.
Aquela falta incessante de algo ainda inexistente,
a vontade de viver algo ainda não vivido,
as palavras engasgadas querendo dizer algo ainda não dito,
o querer acreditar em novidades antigas...

O que eu não sei por quê nem quando,
o que eu não sei resolver...