segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O outro lado da sala

Estava ali, sentado do outro lado da sala e ficava me olhando de canto de olho. Quando não via, eu o encarava e ficava pensando em mil e um assuntos que pudéssemos ter em comum. Então eu passava do lado dele, e ele continuava me olhando. Talvez pedindo um sorriso, um "Oi. Tudo bem?", ou qualquer coisa normal que qualquer outra pessoa normal faria. Mas, eu em toda a minha sensualidade, abaixava a cabeça e fingia que não via. Bela atuação, senhora do charme e da conquista. Você, essa boca enorme e sua falta de vergonha com tudo que não deveria, se torna em um minuto uma menina de 12 anos assustada em não saber o que fazer quando alguém está jogando charme pra cima de você.

Talvez eu devesse passar lá do lado agora e jogar um sorriso. É, e depois disso ele vai ter a certeza que eu sou ou louca, ou totalmente bipolar. E você, menino do outro lado da sala de topete loiro, talvez pudesse dar uma maozinha nesse desastre de sedução que sou eu. Talvez você pudesse puxar o assunto qualquer dia desses nos intervalos, na fila do café. Talvez você dê sorte e o tempo esteja ruim, assim poderemos nos lamentar de como a chuva é chata, de como são pedro é injusto. Talvez depois disso eu fale do dia em que te encontrei na boate e quem sabe você me diga que vai lá semana que vem. Mas enquanto isso, eu vou te olhando mais um pouquinho, enquanto você me acha mais estranha a cada dia. Não é que eu seja estranha. É só que eu não sei o que fazer quando o novo me chama a atenção.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ao velhinho do Natal

Querido Papai Noel, eu sei que já é um pouco tarde pra fazer o meu pedido, mas como eu sei que o senhor sempre atende a todos os pedidos, resolvi me dar essa chance. Antes de dizer o que eu quero nesse natal, gostaria de dizer que eu não fui uma boa menina esse ano. Não me comportei direito, não me alimentei direito mais da metade do ano, fui teimosa em quase todos os meus atos e mesmo assim quase nunca assumi meus erros. Fiz um monte de besteiras e machuquei muitas pessoas, a maioria das feridas que deixei, o tempo se responsabilizou de curar. Bom, mas como tudo que vai um dia volta, eu não seria excessão. Eu paguei por tudo que eu fiz e por todas as decisões que eu tomei. E é isso que me faz, com toda humildade escrever essa carta. Noel, eu acredito que você possa trazer nesse seu trenó cheio de presentes, um pouco de luz e paz pra cada lar, pra cada coração. Então é isso. Eu não quero presentes, não quero dinheiro. Eu quero paz. Quero que nesse natal você seja capaz de trazer a minha paz, pra que em 2011 eu não seja um furacão destruidor, como sempre fui. Que a paz seja o suficiente pra que eu não seja de novo destruição pra alguém, e nem pra mim mesma.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Tô com saudades do peso da mochila nas costas, do mapa na mão. De dormir em aeroporto, em hostel bizarro. To com saudade das pessoas que deixei pra trás com o coração na mão e uma promessa de volta. To com saudades do resto do mundo.

E se Papai Noel pode existir, e mais, se ele pode nos dar o que desejamos de natal, esse natal eu peço que me transforme em milhares, pra que eu possa matar a saudade que eu sinto de cada canto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Convencibilidade

E se fosse verdade? Bem, precisamos assumir que não seria assim lá uma novidade. Não é o tipo de coisa que você nunca imaginaria. Aliás, pra te falar a verdade é uma coisa que eu sempre imaginei. Mas é que a gente sempre arruma desculpas pra poder provar o contrário, pra dizer que não é verdade e que no fundo tudo não passa de um mal entendido. Besteira! Qualquer dia desses você ainda se pega desolada, com a mentira nas mãos, sem saber o que fazer com ela e com o que ela fez dentro de você. Então, a farsa que você criou pra se convencer caiu e sobra você, com a sua cara de tacho e seu discurso de vitoriosa sobre a situação.
De certo modo, seria um jeito mais curto de mudar de rumo, de começar novas histórias, de me reinventar. Mas não vou mentir e dizer que isso não me incomoda. Pra falar a verdade sempre achei tão absurdo e ao mesmo tempo tão coerente.
É a explicação pra tudo aquilo que nunca fez sentido, mas ao mesmo tempo é frustrante demais pra me convencer fácil assim.
Não sei, mas tenho a impressão que quanto mais eu penso, mais eu me convenço e mais eu quero negar. Acho que eu nunca vou perder essa incrível capacidade de me fazer sempre dois extremos.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tira tudo. Tira a blusa, o short e o tênis. Tira a máscara e essa capa que você carrega pra se proteger. Fique nú e de alma aberta pra que o mundo possa te enxergar, pra você poder ser mais do que é hoje, mais feliz e realizado. Pra que possa sair por aí mostrando o que tem de mais belo e também de mais escabroso. Eu quero ver os seus defeitos tão profundamente quanto você os sente agora. Quero ver também a beleza que você não transparece.
Isso, chega mais perto. feche o olho e sinta a liberdade.
Sinta como é viver aqui do lado de fora.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sobre impotência.

Eu poderia citar pra você um milhão de razões, mas nenhuma que fosse convincente o suficiente. Eu poderia tentar convencer todos a minha volta, sabendo que não convenceria ninguém. Eu poderia gritar, espernear, acender velas, pedir aos anjos, cantar canções de amor até a voz sumir, chorar até dormir. Eu poderia continuar escrevendo aqui textos que nunca levam a nada e que talvez ninguém nunca entenda a razão deles serem escritos.
Eu poderia fazer tudo e ser tudo.

E mesmo assim não mudaria nada.

"Another shot of whisky,
can't stop looking at the door.
Wishing you'd come sweeping
in the way you did before."