sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

- Carla, eu te conheço há muito tempo... quer fazer o favor de contar o que é que tá te incomodando? O que é que você tem?
- Eu não tenho nada!
- Eu sei que tem!
- O fato é que eu não quero falar, acima de tudo não sei se devo falar, entende?
- Mas você não confia em mim?
- Claro que confio, você sabe que nunca tive uma amiga como você mas acontece...
- Acontece?
- Acontece que eu não sei se estou preparada pra escutar a resposta da pergunta que tá me engasgando... Talvez o que eu tenha pra dizer possa desmoronar tudo... Você ainda acha que eu devo falar?

Longo silêncio

- Vamos fazer um café? Estou com fome...


"Oh meu amigo eu esperei tanto tempo por respostas
e depois de tanto tempo
Ainda havia mais pra esperar..."
Nenhum de nós

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

" Se eu cantar, não chore não
É só poesia"
Ira!




Escuta que o silêncio hoje é maior que as batidas do coração. Fecha os olhos e dorme como se tudo não passasse se não de um sonho, uma história mal contada que não tem fim. Esquece das palavras ditas com raiva na ânsia de que algo fosse feito pra impedir que tudo desmoronasse. Dorme que a paz que nunca encontrastes aqui estás te esperando em sonho, nuvens de algodão doce e asas de anjos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Noite.

Ele estava dormindo e ela o observava. Nunca tinha feito isso antes e ficou deslumbrada como ele era bonito visto assim, com um ar inocente, o corpo seminu, num emaranhado de lençóis. Naquele momento todas as suas dúvidas haviam sumido. Ela sentia que ali, desprotegido e em meio ao sono, ele era só seu. Ela já não tinha mais dúvida se ele a amava ou não, se ele viria, se ligaria pra ela, se diria aquelas palavras de amor que ela tanto ansiava que ele dissesse. Não precisava. Ela podia quase sentir a sua respiração em harmonia com a dele, num conjunto perfeito. E tentava respirar fazendo o menor barulho possível, se movendo o mínimo necessário pra que ele não acordasse, pra que ela também não saísse daquele transe. Tentou se lembrar de quando foi que ela se tornara tão insegura, onde foi que deixara os medos tomarem conta dela. Logo ela, que sempre se orgulhara da sua personalidade forte, segura, madura. Talvez tudo tivesse sido uma farsa, ou talvez ela não fosse tão forte assim, talvez ela tenha se deixado amolecer. É o tempo amolece a gente, pensava ela. Há algum tempo atrás ela não gostava de demonstrar seus sentimentos, achava que era fraqueza, que se tornaria vulnerável. Talvez fosse isso, ao demonstrar à ele, aquela criatura que dormia lindamente na sua cama, seus sentimentos mais íntimos, ao demonstrar o tamanho do seu amor ela tenha se tornado fraca, vulnerável. Mas será que o amor combinava com a insegurança e o medo? Será que por amar tanto era que sua cabeça estava sempre tão cheia de dúvidas? Quem sabe, respondeu ela à si mesma.
Se o amor fosse, realmente, a causa da sua fraqueza ela estava destinada a se sentir sempre como uma boneca de porcelana frágil e pequena diante de tudo.
Ainda com os olhos pregados nele, ela apagou o cigarro que estava fumando e também o abajur a seu lado, voltou pra cama cuidadosamente e se deitou no peito branco e forte que ele exibia. Estava ali seu maior refúgio. E ela pensou que poderia parar o tempo ali, naquele exato momento.


"O avesso do esforço que eu faço pra ser feliz..."
Leoni

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Descrição

Eu sou qualquer coisa assim como uma brisa do mar, como um arrepio de nervoso ou qualquer outra coisa impossível de ser dita. Sou um vai e vem infinito de emoções e aflições, um carrossel de imaginação, quase como um desenho de criança onde as cores se misturam e se fundem numa valsa de vibrações. Sou um caminhão de medo e insegurança, da eterna dúvida entre o mútuo e o singular, da unimultiplicidade. O querer saber e o saber sem querer na luta que divide o meu eu em duas camadas: a camada que deixo transparecer, a outra que guardo para os que confio. Sou sorrisos e risos incontidos, gritos calados, suspiros abafados, abraços apertados. A corrida pelo perfeito, mesmo sabendo ser este um sonho inalcançável e que Deus mantenha sempre assim. Na busca pelo perfeito sigo sendo imperfeita nessa minha revolução. Uma revolução que parte de mim para mim, que começa com um tiro dado no escuro, que termina na imensidão sem fim. Sou aquilo sem nome, sem número, sem referência, um simples estado entre o ser e o não-ser. A definição incompleta de algo que não pode ser definido, citado ou imaginado.
Sou assim. Qualquer coisa assim.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sobre promessas

Por que é que ainda acreditamos nessas falsas promessas? Por que acreditamos em coisas que sabemos que não existem nem nunca existiram? Foi a pergunta que sua amiga lhe fez.
A resposta estava na ponta da língua mas preferiu ignorá-la e responder: Não sei. Mas talvez seja melhor assim.
Talvez seja melhor assim. É isso era inegável, pensava ela. O que a amiga não sabia, ou talvez também ignorava, era que elas acreditavam porque queriam acreditar! As promessas davam à elas uma esperança de final feliz. De que um dia tudo terminaria bem, como nos filmes que elas sempre viam. Davam também o ânimo pra fazerem planos, que poderiam dar certo ou não, mas não importava! Eram os planos, a esperança e as promessas que faziam com que o dia-a-dia tivesse uma meta, um objetivo a ser seguido. O que tirava a vida de uma existência banal.



"É pouco mas é tudo que eu tenho,
tudo que eu posso oferecer!"
Engenheiros do Hawaii

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Atitude.

Pela janela entrava a luz da noite, fracamente iluminava a sala e o corredor. Ali, em meio à pouca luz estava ela, sentada num canto da sala com uma garrafa de wisky do lado já pela metade. Fora a única bebida alcoólica que sobrara em sua casa e embora não gostasse muito, sentia que ele havia lhe suprido bem a necessidade.
A sua necessidade não era química e sim racional. Sim, racional. Seu maior pecado sempre fora pensar demais, calcular milimetricamente todos os danos e consequências que seus atos poderiam causar. Consequências haviam várias pairando em sua cabeça, mas os atos eram escassos em sua vida.
Porém, agora, depois de meia garrafa de wisky e com o som em volume insurdecedor, ela se sentia incapaz de pensar demais. E estava gostando disso. Podia sentir muito mais do que pensar. Cada nota que saía do som era como uma explosão, um encontro de pele, coração e cérebro. Um conjunto em perfeita harmonia. Ela era agora só impulso. Impulso e coragem.
Se sentiu capaz de fazer qualquer coisa, seus problemas emocionais de repente se tornaram tão insignificantes que ela não saberia explicar. O que ela sabia era que algo precisava ser feito. Não mais esperaria pelo momento perfeito, pelo clima mais romântico ou quiçá pelo dia em que seu horóscopo lhe desejaria maior sorte. As consequências foram esquecidas em algum lugar há bastante tempo atrás e ela não se importara disso. Então, dali do canto da sala, ela avistou seu celular, jogado em cima do sofá. E decidiu que esse era o momento. Se pudesse se descrever naquela noite ela seria nada mais que o Agora.
Se levantou com certa dificuldade do chão e se caminhou para o sofá, se jogou em meio as almofadas enquanto tentava com dificuldade achar o telefone dele na agenda.

-Por que diabos as teclas do celular ficaram tão pequenas e meus dedos tão grandes de repente?

Ainda na luta com o celular ela se virou de lado no sofá e se ajeitou melhor. Outra luta era travada ali agora, não mais com o celular mas com o sono anormal causado pelo álcool, mas contra o sono, ela decidira não lutar, sabia que ele era mais forte e então se rendeu. O telefone caiu de suas mãos e foi ao chão, mas não só ele como também a necessidade de atitude e reação que gritavam incessantemente dentro dela.



"A razão é como uma equação
De matemática, tira a prática
De sermos, um pouco mais de nós!"
O teatro mágico

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O meio e o fim!

Seria muito estranho, você terá que concordar, se na primeira página de um livro você encontrasse o seguinte texto:Este livro, ao contrário do que se espera, não começa pelas primeiras páginas, por favor inicie sua leitura pela pág. 104.
Do mesmo modo como acho muito estranho a idéia de assistência social dada por esses programas televisivos. Eles pegam uma família carente e daí, a "assistência" dada varia de programa à programa de emissora à emissora. Como se a vida dessas pessoas fossem mudar radicalmente e, o que é mais importante, pra sempre, porque ganharam um carro novo, porque a casa foi totalmente reformada ou porque eles ganharam alguns mil reais. Essas coisas todas se vão... e depois? O que sobrou pra essas famílias? O carro novo foi roubado, a casa nova não vai ajudar o pai de família arrumar um emprego e os mil reais... eles se acabam! E, mesmo depois da ajuda desses programas à essa pessoas, elas continuam na mesma situação de sempre!
Estranho, também, como a idéia de cotas nas universidades. Como se reservar algumas vagas para pessoas de escola públicas ou para negros os tornassem mais aptos à entrarem em um curso superior. Não é porque venho de uma escola particular que digo isso, digo com a justificativa de que colocar jovens despreparados dentro das universidades não vai acabar com a disparidade que sempre houve entre alunos de escolas particulares e públicas. O máximo que conseguiremos serão turmas universitárias totalmente heterogêneas, onde metade dos alunos possuem um alto nível de instrução e outros não.
O estranho no livro, na idéia de assistência social dos programas televisivos e nas cotas das universidades é a desordem com que as coisas acontecem. O querer sempre o caminho mais curto e com resultados imediatos. Imediatos talvez, mas não os melhores.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Do lado de fora era só chuva.
O tempo atrapalhava todos e quaisquer planos que tivera, mas mesmo assim não conseguia odiar aquele clima chuvoso e frio.
Sabia que o momento era de calma e serenidade.
Quase dava pra sentir a paz emanando por todos os lados da casa.
Lembrou-se das férias já passadas, lembrou-se dos que deixaram apenas saudades, dos dias, diferentemente daquele, ensolarados, das tardes passadas sem qualquer preocupação.
E viu então mais um gota cair.
Ela não vinha do lado de fora e sim de dentro, de um lugar que ela fazia questão de manter bem guardado, intacto.
Aquela gota, sabia, não era de tristeza.
Abriu um largo sorriso e deixou que a chuva continuasse do lado de fora, serena como há tantos dias.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O tal do carnaval.

Enfim é carnaval!
A época pela qual o Brasil vive o ano inteiro em função dela.
Com euforia demais, animação demais, álcool demais e, é claro, bundas demais.
O carnaval, o axé, a animação, tudo muito justificável, mas e as bundas? E os peitos?
Com tamanha a criatividade brasileira me recuso a acreditar que o carnaval só se torna interessante pela quantidade de vulgaridade.
Ontem parei uns instantes pra ver TV e lá estava ela, com bolotas que brilhavam tampando os bicos dos seios e a parte genital, ou seja, pelada!
Ainda me pergunto o por quê da existência da Globeleza.
Ainda me pergunto o por quê das bolotas brilhantes.

Do jeito que vai, não me assustaria se daqui há alguns anos os principais ornamentos das mulheres nos desfiles de carnaval sejam os adornos na cabeça e as sandálias.