terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Noite.

Ele estava dormindo e ela o observava. Nunca tinha feito isso antes e ficou deslumbrada como ele era bonito visto assim, com um ar inocente, o corpo seminu, num emaranhado de lençóis. Naquele momento todas as suas dúvidas haviam sumido. Ela sentia que ali, desprotegido e em meio ao sono, ele era só seu. Ela já não tinha mais dúvida se ele a amava ou não, se ele viria, se ligaria pra ela, se diria aquelas palavras de amor que ela tanto ansiava que ele dissesse. Não precisava. Ela podia quase sentir a sua respiração em harmonia com a dele, num conjunto perfeito. E tentava respirar fazendo o menor barulho possível, se movendo o mínimo necessário pra que ele não acordasse, pra que ela também não saísse daquele transe. Tentou se lembrar de quando foi que ela se tornara tão insegura, onde foi que deixara os medos tomarem conta dela. Logo ela, que sempre se orgulhara da sua personalidade forte, segura, madura. Talvez tudo tivesse sido uma farsa, ou talvez ela não fosse tão forte assim, talvez ela tenha se deixado amolecer. É o tempo amolece a gente, pensava ela. Há algum tempo atrás ela não gostava de demonstrar seus sentimentos, achava que era fraqueza, que se tornaria vulnerável. Talvez fosse isso, ao demonstrar à ele, aquela criatura que dormia lindamente na sua cama, seus sentimentos mais íntimos, ao demonstrar o tamanho do seu amor ela tenha se tornado fraca, vulnerável. Mas será que o amor combinava com a insegurança e o medo? Será que por amar tanto era que sua cabeça estava sempre tão cheia de dúvidas? Quem sabe, respondeu ela à si mesma.
Se o amor fosse, realmente, a causa da sua fraqueza ela estava destinada a se sentir sempre como uma boneca de porcelana frágil e pequena diante de tudo.
Ainda com os olhos pregados nele, ela apagou o cigarro que estava fumando e também o abajur a seu lado, voltou pra cama cuidadosamente e se deitou no peito branco e forte que ele exibia. Estava ali seu maior refúgio. E ela pensou que poderia parar o tempo ali, naquele exato momento.


"O avesso do esforço que eu faço pra ser feliz..."
Leoni

Um comentário:

Adrielly Soares disse...

"Será que por amar tanto era que sua cabeça estava sempre tão cheia de dúvidas? Quem sabe, respondeu ela à si mesma.
Se o amor fosse, realmente, a causa da sua fraqueza ela estava destinada a se sentir sempre como uma boneca de porcelana frágil e pequena diante de tudo."


Pergunta que eu sempre me faço.
Destino que eu tenho. =S
É foda, porque quanto mais voce gostasse, mais a pessoa deveria te gostar e mais você deveria se sentir segura.
Mas é que a gente tem medo de perder tudo que é bom como se a gente tivesse que ser sempre feliz, como se tivessemos que gozar sempre, sorrir sempre, como se isso fosse bom.

"Ela não quer que saibam da precisão desesperada que ela tem de prender, guardar, reter tudo o que lhe causa prazer, alegria ou dor. Afinal, as pessoas não entendem porque tanta precisão. "

TEm a ver com o que eu disse neh...
;* munhé

Obs; saudade das vezes que eu dormi acompanhada.
=X