segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Maré.

Nós tínhamos o mesmo gênio e o mesmo modo de enfrentar as loucuras da vida. Tínhamos o mesmo gosto por filmes estranhos e comédias toscas. Até aquele álbum desconhecido daquela banda mais desconhecida ainda era o nosso preferido. E então? Onde foi que nos tornamos tão diferentes?? Aonde foi que perdemos a nossa conexão que era tão intensa e gostosa?

Enquanto eu falava um monte de coisas desconexas e emendava um assunto no outro daquela minha forma descontrolada de conversar eu via aquela sua mesma expressão de quem acha graça e até um pouco fofo. E então sua expressão foi mudando ao mesmo tempo que eu mudava o rumo da minha conversa até o ponto em que sua expressão era irreconhecível. E eu me escutava falando de longe e era como se não fosse eu, como se aquele tanto de sinceridade fosse demais e até um pouco cruel. Mas até que ponto mentir pra mim e pra você seria válido pra manter uma coisa que há muito não existia mais? Até que ponto existimos de verdade e até que ponto inventamos uma relação insustentável?

Para de me olhar como se eu fosse louca. Você nunca entendeu e receio que nunca vai entender as cartas que já te escrevi. O fato é que talvez eu esteja enganada sim, mas e daí? Eu cansei de tentar, cansei de me estressar sempre pelas mesmas coisas. Então, faça um pacto comigo de descompromisso. Vamos manter tudo nessa maresia de loucura e impulso e quem sabe um dia a maré não nos aproxima ou nos afasta de vez?

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